quarta-feira, 27 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Arraial da Amar
No dia 26 de junho a partir das 15 horas a
Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Rio Grande (Amar), realizará
o Arraial da Amar em parceria com a Escola Municipal de Educação
Especial Maria Lucia Luzzardi - Educação de Autistas, na Sociedade
Cultural Águia Branca (rua Marechal Deodoro esquina General Abreu).
Contamos com sua presença!!!
Contamos com sua presença!!!
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Erros comuns...
Erros comuns dos profissionais que trabalham com autismo
Por Alyson Barros
É
impressionante a quantidade de mitos e de desastrosos tratamentos que
criam para o tratamento de autismo. E quem pensa que isso é uma crítica
aos tratamentos consagrados está enganado. É uma crítica aos terapeutas
que trabalham com o autismo e esquecem de promover resultados. Estimo
que quase metade dos pacientes autistas, que estejam em tratamento, irão
terminar e sair do mesmo jeito que entraram sem progresso algum. Isso
vale não só para psicologia, mas também para todas as terapias que
acompanham os autistas e que muitas vezes compõem a sua rotina semanal,
como fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicomotricistas, terapeutas
ocupacionais, músicos terapeutas, arte terapeutas, etc.
Nestes
quase sete anos, a que me dedico ao trabalho e a pesquisa com autismo,
colecionei diversos casos onde a terapia não ajudou e outros casos onde
piorou a situação do autista em questão. Sempre ouvimos casos de
pacientes que após vários anos de terapia nenhum resultado foi
alcançado.
Listo a seguir os oito principais erros dos profissionais que trabalham com autismo:
8º - Tornar a todo custo um autista em uma pessoa “normal”.
Tentar
tornar um autista em uma pessoa dita “normal” é um grande erro.
Confesso que já tentei fazer isso algumas vezes, porém só obtive
resultados reais quando entendi a condição de quem estava acompanhando.
Não adianta tentar manter padrões altos de cobrança ou de resultados
isoladamente, é necessário manter a atenção nas capacidades de
aprendizagem e nas limitações. Se para os pais entender e aceitar, que o
filho é autista, é o primeiro grande passo para a mudança na relação
com o mesmo, para o terapeuta entender e aceitar isso é o primeiro
grande passo também. Fará parte, então, do tratamento passar uma sessão
inteira para ensinar o paciente a se vestir, ou para aprender a falar
expressando agrado ou ainda para ensinar o paciente a andar de um modo
mais relaxado. Também farão parte do processo os embates com a teimosia e
a persistência. Nestes momentos deve prevalecer a comunhão das
habilidades sociais do paciente e do terapeuta. Mas caso o paciente
tenha mais habilidades que o terapeuta talvez seja a hora do terapeuta
aprender um pouquinho com seu paciente.
7º- Gula Livresca
Expressão
dedicada aos terapeutas e pais que têm gula exagerada por
conhecimentos. Até certo ponto isso é saudável, porém depois de certo
ponto conhecimento demais sem a devida organização podem atrapalhar o
tratamento. Em todas as áreas profissionais citadas acima encontramos
diversas teorias e metodologias e algumas destas teorias são
incongruentes com outras. Por isso mantenha foco na teoria, mas sempre
com o foco no paciente. Em algumas supervisões que trabalhei vi
terapeutas dizendo “encontrei uma ótima técnica que vou utilizar com meu
paciente esta semana”. Na sessão de
supervisão seguinte o terapeuta me dizia novamente “agora encontrei uma
técnica que irá dar certo”. Uma terapia sem eixo de trabalho se resumirá
em duas coisas: uma coleção de técnicas e um paciente sem mudanças
reais.
6º- Terapias demais
Regra
de ouro “se o paciente não está respondendo a terapia, a estratégia
deve mudar”. A maioria dos terapeutas diz que é capaz de trabalhar com
qualquer tipo de caso. É comum ver pais colocando seus filhos em “n”
terapias ao longo da semana. Quase sempre é um martírio para a criança.
Cria-se a rotina viciosa que desgasta tanto a criança como os pais. O
recomendando é colocar nas terapias em que o paciente tenha um bom
desenvolvimento e que este desenvolvimento seja coerente com sua
necessidade funcional. Um exemplo que posso comentar foi de uma menina
com autismo que adentrou em meu consultório em busca de um benefício de
seu plano de saúde. Ainda guardo o papel com a letra do pai descrevendo
todas as suas atividades: pela manhã estudava na escola, na segunda,
quarta e sexta fazia natação, na segunda e quinta fazia psicoterapia,
fazia aula de reforço na quarta quinta e sexta, duas sessões de
musicoterapia na terça feira e, para finalizar, uma sessão de
psicopedagogia.
Ao
final da avaliação reduzimos drasticamente o excesso de terapias. Ela
apresentou ótimos resultados após seis meses indo apenas a escola, que
agora tinha o compromisso de educar pelos canais de aprendizagem mais
efetivos da garota. Sugeri que cessassem os atendimentos que não traziam
resultados nenhum e que podiam inclusive confundir a pouca atenção
dela. Após quase 4 anos de natação
ela mal entrava na água e a natação foi cortada. A psicoterapia que
fazia consistia em falar durante toda a sessão, e como a menina
simplesmente não falava algo susceptível
de ser trabalhado cognitivamente com o refinamento que a abordagem
necessitaria, cortamos a psicoterapia. A musicoterapia e as aulas de
reforço não apresentaram adequadamente uma proposta de trabalho,
exagerando na superficialidade de suas descrições. Aumentamos a
psicopedagogia, com outra psicopedagoga, duas vezes por semana. Optamos
por adicionar uma fonoaudióloga duas vezes por semana. O pai repetia com
ela os exercícios da psicopedagoga e da fonoaudióloga. O resultado de
seis meses foi notável. Os gastos ao final do mês caíram pela metade, a
paciente estava falando de forma notavelmente articulada e estava finalmente acompanhando a sua turma na escola.
Às vezes precisamos apenas dos profissionais certos.
5º- Família de menos
Trabalhar
com pacientes autistas exige um preparo físico e um esforço cognitivo
grande algumas vezes. Porém, em algumas situações, é mais difícil
trabalhar com os pais do paciente do que com o espectro autista em si.
Seja pelo excesso de opiniões e direcionamentos ou, mais comumente, pela
ausência completa dos pais no auxílio do tratamento. Costumo dizer que
os pais são co-terapeutas sempre. Devem levar tarefas de casa e devem
exercitar, nem que minimamente, o que é trabalhado clinicamente. O
terapeuta deve, sempre que possível, conversar com os pais e comentar
como anda o tratamento. Trabalho com o feedback das sessões no
últimos dez minutos de terapia ou um encontro uma vez por mês só com os
pais. Mas pode-se flexibilizar esta sugestão para um encontro a cada
dois ou três meses, a partir disso é difícil falar em relação de
terapeutas e pais, afinal esta aconteceria apenas indiretamente através
do paciente.
4º- Falta de comunicação do terapeuta com o paciente e com a família e com outros terapeutas
Dando
continuidade ao erro anterior é comum encontrarmos terapeutas que além
de não explicarem seus respectivos trabalhos para os pais, não conversam
entre si. É de importância máxima aumentar este canal de comunicação.
Quando os profissionais, a família e a escola não falam e objetivam o
mesmo arcabouço de desenvolvimento o trabalho de cada terapeuta fica
atomizado e a probabilidade de sucesso é reduzida. Mesmo nas clínicas
integradas onde o paciente anda pelos profissionais em salas vizinhas,
sem a comunicação entre estes três entes (escola, terapeutas e família) os tratamentos ficam fragmentados. Deve-se defender o alinhamento destes três entes em favor do paciente.
Em
várias situações marquei inter-consultas com os profissionais, em meu
consultório, no consultório deles, na casa do paciente e na escola para
discutirmos qual metodologias trabalhar. Uma boa pergunta para quebrar
este “gelo” entre as profissões envolvidas é: no que meu trabalho pode
apoiar a sua terapia?
A
partir desta pergunta me vi, dentro de minhas sessões, trabalhando para
reduzir a ecolalia de pacientes orientado pela fonoaudióloga dentro de
minhas sessões. Enquanto ela trabalhava questões de reconhecimento de
expressões emocionais durante os exercícios de seu método Padovan.
3º- Acreditar em teorias esdrúxulas
Foi-se
a moda das “mães-geladeira”, mas ainda assim alguns mitos persistem.
Não é incomum ainda receber pacientes advindos de outras terapias em que
o terapeuta dizia: o flap é uma
expressão de emoção, como ele é autista tem dificuldades de expressão
emocional, por isso nunca proíba tais expressões.
Como
resultado desta super distorção, pessimamente confabulada, teremos em
nossa vista um paciente que bate os braços em modo “flap” em qualquer
situação, mesmo com 20 anos de idade!
O
flap não é uma expressão da emoção literalmente. Obviamente que costuma
ocorrer dada a felicidade da situação, mas existem outras formas de
expressar emoções. Alguns autistas tem dificuldades de expressarem
emoções ou até de entenderem o significado emocional das situações
sociais, porém os pacientes mais carinhosos que encontrei eram autistas.
Não é uma regra absoluta de que todos os autistas não expressam
emoções. E por último, quem foi que disse que não pode dizer não para
uma criança autista? Que ela não pode ser contrariada? Só porque é
autista? Não. Todo paciente deve ter os limites aceitáveis de interação
social, isso irá interferir diretamente em seus canais de aprendizagem.
Pior que as limitações de um paciente autista é um paciente autista sem
limites.
2º- Respeitar demais o “tempo” de cada terapia
Às
vezes uma terapia demora a dar resultado e o terapeuta diz “com o
autismo é difícil prever quando os resultados ocorrerão”. Esta frase
pode ser perfeitamente aceitável para o 1º mês de trabalho, mas imagine
isso sendo dito depois de seis meses de acompanhamento. Esta frase de
que se deve esperar o tempo da criança ou do adulto em tratamento não
significa que um dia ela será capaz de proporcionar resultado algum,
pois talvez o problema não esteja no paciente, e sim díade
terapia/terapeuta escolhida.
Existem
muitas terapias onde o paciente ingressa e após anos de muita
teorização o único resultado obtido foi que as “janelas de aprendizagem”
se fecharam. Recebi dezenas de pacientes que passaram por psicólogos e
outras terapias e que não haviam aprendido absolutamente nada. Pais de
adolescentes que diziam que a criança participava de várias terapias
desde criança, mas que não havia aprendido nada até então pois seu filho
era autista e isso era comum. Realmente, é comum quando não há
compromisso do profissional com o caso e que, as vezes por má fé, se
esconde no discurso de que a criança é incapaz de aprender ou que os
avanços são enormes, mas que só poderão ser notados depois. Se você é
profissional lembre-se do que a neurociência ensina: existem fases de
excelência para o ensino de certas habilidades sócio-cognitivas, caso
isso não ocorra nestas fases, será cada vez mais difícil ensinar tais
competências depois. Até hoje não conheci nenhum caso de autismo
impossível de ser trabalhado e que não pudesse ter resultado
perceptíveis, mesmo que mínimos. Se o seu paciente não apresenta
evoluções seja capaz de reorganizar sua proposta metodológica, de
sugerir um novo arranjo de profissionais acompanhando ou de, até mesmo,
abrir mão do caso em favor de um profissional mais habilitado.
Fiz isso e faria tantas vezes quantas fossem necessárias. O foco da terapia deve ser o paciente e não o terapeuta ou a família.
1º- Não ter critérios funcionais para o trabalho com o autismo
Certamente
o principal problema encontrado para um desenvolvimento máximo do
paciente em terapia é a relação que este estabelece com a metodologia
adotada. A metodologia é a parte vital do sucesso da terapia. Porém é
assustadora a quantidade de profissionais dedicados a trabalhar com o
autismo que não sobrevivem adequadamente a duas questões:
O que você pretende trabalhar?
Que indícios de sucesso você espera obter?
Claro
que questões como qual a duração do tratamento ou qual o nome da
metodologia utilizada são importantes, mas na experiência profissional
que tenho conheci dezenas de profissionais que trabalhavam com o ABA,
sem o ABA, com o Padovan, sem o Padovan e com a Análise Funcional do
Comportamento, sem a Análise em si. Digo isso em função de que poucos
são os que realmente têm esta dedicação de trabalhar rigorosamente
dentro dos limites da metodologia. Não levanto uma bandeira de ortodoxia
extremista de uma abordagem em detrimento de outra, mas acredito que é
muito fácil se perder sem alguns parâmetros norteadores.
Pergunte
ao terapeuta o que ele pretende trabalhar, se ele disser
“socialização”, vá mais adiante. Pergunte “o que em socialização
especificamente”, ele pode responder “comunicação”, e se você for ainda
mais adiante e perguntar “o que em comunicação” e ele responder “a
autonomia das A.V.D.*” provavelmente você estará diante de um
profissional que está tão perdido quanto os pais do paciente. Termos
como “socialização”, “comunicação”, “A.V.D.” entre outros tantos não são
específicos e podem significar qualquer coisa.
Independente
do vocabulário utilizado nos consultórios é fácil distinguir o que são
metas específicas e coerentes do que são metas gerais e pouco ancoradas
na realidade. Metas como capacidade de memória de curto prazo,
quantidade de vocábulos falados, presença de verbo na construção das
frases, presença de afeto nos comportamentos direcionados a estranhos ou
capacidade de responder pacientemente a provocações parecem ser itens
muito mais assertivos que os descritos anteriormente.
Conheci
o caso de uma renomada terapeuta ocupacional em minha cidade, que após
um ano de trabalho intensivo obteve como único resultado fazer com que o
paciente parasse de morder dedo indicador. E ela conseguiu isso, após
anos de faculdade, especialização, experiência clínica e fama, através
de uma prótese para o dedo! A criança em questão progredia a passos
largos, mas fora da terapia, para que servia a terapia então? De que
consistia o tratamento?
Os
terapeutas devem ter um pouco de asperger nestas horas e devem ter uma
obstinação por resultados. Estes objetivos que são acordados na relação
terapêutica devem ser, em grande parte, o foco, e a partir deles podemos
medir o sucesso da terapia, nem, que para isso abramos mão de nossos
certificados e de nossa experiência. Aqui os fins justificam os meios
(desde que éticos, obviamente).
Em
2007 acompanhei um caso de uma menina, de 11 anos, que, entre centenas
de outras coisas, não conseguia ficar quieta e firmar a atenção em algum
estímulo por mais de alguns segundos. A meta era aumentar o tempo de
atenção da mesma para que a partir de então outras aprendizagens fossem
possíveis. Para isso era necessário que ela parasse e fixasse o olhar em
algum ponto específico. Foram quase duas sessões inteiras para apenas
ensinar aquela pequena garotinha a parar e respirar adequadamente. Isso
foi uma meta específica, pequena e mensurável. Ao final ela era capaz de
sustentar a atenção por alguns poucos minutos. O suficiente para
prosseguir com o programa de aprendizagem em seus mínimos detalhes.
Em 2006 acompanhei o caso de uma criança, de 11 anos, que não conseguia ler e escrever, mesmo estando em fase de alfabetização por pouco mais de três anos. Após uma avaliação ecológica
do desempenho funcional da mesma percebi a limitada capacidade de
leitura da mesma, por isso mal conseguia unir as letras que lia (apesar
de saber o nome de todas com presteza). Por coincidência percebi seu
interesse pelo meu computador. Isso foi suficiente para mudarmos de
tática e buscarmos um amadurecimento de tal competência cognitiva via
computador. Após quase seis meses de trabalho aumentamos a sua
capacidade de armazenamento de sua “alça fonológica” de um ou dois
elementos para mais de sete! A criança conseguiu ler e escrever somente a
partir disso.
*Atividades da vida diária
Alyson Canindé Macêdo de Barros
CRP 17° 4578
alyson@psicologianova.com.br
www.psicologianova.com.br
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