sábado, 15 de setembro de 2012

Dicas de atividades...


Atividades Interativas


ATIVIDADES INTERATIVAS EDUCACIONAIS
As atividades abaixo são exemplos de atividades interativas criadas dentro do quarto de brincar / interagir do Programa Son-Rise®. As atividades podem ser adaptadas para a faixa etária, interesses e estágio de desenvolvimento social de cada criança ou adulto com autismo. As metas educacionais de algumas atividades também podem ser modificadas de acordo com as necessidades de cada pessoa. Por exemplo, no Pega-Pega Surpresa, a meta apresentada é o aumento do contato visual, mas poderia ser também a comunicação verbal, e o facilitador então solicitaria que a criança, ao invés fazer contato visual através dos buracos do lençol, falasse uma palavra ou uma sentença para dar continuidade ao pega-pega, de acordo com o estágio de desenvolvimento da comunicação verbal da criança.

Identifique o estágio de desenvolvimento social da criança ou adulto com autismo (ver Modelo de Desenvolvimento do Programa Son-Rise) e elabore atividades divertidas e apropriadas às necessidades de cada pessoa.

Mariana Tolezani com uma criança
1. Caça ao Quebra-Cabeça
Meta: Inspirar um aumento do intervalo de atenção compartilhada.
Motivações / Interesses: Figuras, quebra-cabeças e passeios no colo ou de cavalinho.

Preparação: Imprima da internet ou desenhe uma versão grande de um dos personagens favoritos da criança (Barney, um dos Backyardigans, Mickey, etc.). Plastifique com papel contact (para tornar o material mais durável) e corte e pedaços para fazer um quebra-cabeça. Quando você entrar no quarto, coloque as peças do quebra-cabeça em alguns pontos da prateleira.

Início da Atividade: Quando a criança oferecer a você um “Sinal Verde para Interação”*, apresente a atividade pegando uma ou duas peças da prateleira. Explique animadamente que figura será formada quando vocês pegarem todas as peças. Diga também que a maneira de pegar mais peças é ela subir no seu colo ou costas para vocês passearem juntos pelo quarto procurando cada peça. Se a criança não subir no seu colo imediatamente, procure convidá-la outras vezes quando ela oferecer Sinais Verdes até que ela suba no seu colo.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Passeie pelo quarto com a criança em seu colo (ou costas) de formas divertidas. Pegue uma peça por vez e a leve até a mesa para adicioná-la ao quebra-cabeça. Demonstre para a criança como pode ser divertido observar a figura crescer e se tornar o personagem.

Solicitação: O objetivo aqui é prolongar a duração do intervalo de atenção compartilhada da criança, portanto a única coisa a se solicitar é que a criança suba novamente em suas costas para vocês irem pegar uma nova peça. Se a criança entrar em comportamento de isolamento e repetição antes de completar o quebra-cabeça, junte-se à criança fazendo o que ela estiver fazendo. Quando ela oferecer um novo Sinal Verde, convide-a para a atividade do quebra-cabeça novamente.

*Sinal Verde para Interação: Depois de um período de isolamento, a criança demonstrará estar disponível para uma interação social através de um “Sinal Verde”. Há 3 tipos de Sinais Verdes: Contato visual; Comunicação verbal; Contato físico.


Facilitadora e criança no Autism Treatment Center of America
2. Pega-Pega Surpresa
Meta: Estimular um maior contato visual (olho no olho).
Motivações / Interesses: Pega-pega ou cócegas; fantasias ou chapéus.

Preparação: Providencie uma sacola cheia de fantasias, chapéus, máscaras, asas, etc. Separe um pedaço grande de papelão ou um lençol que você possa pendurar no teto para funcionar como um biombo. Corte um ou dois buracos no papelão ou lençol no nível dos olhos da criança.

Início da Atividade: Quando a criança oferecer um Sinal Verde, apresente a atividade correndo atrás da criança de forma divertida. Adapte a atividade para incluir os interesses de sua criança. Por exemplo, se ela gosta de cócegas, corra atrás dela e faça cócegas no final.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Se a criança demonstrar que quer que você corra e faça cócegas de novo, corra para trás do papel ou lençol e esconda-se enquanto veste um chapéu ou uma peruca. Apareça com a nova fantasia e corra atrás da criança. Repita esta rotina vestindo cada vez uma fantasia diferente. Você pode fingir ser um personagem diferente com cada fantasia. Cada personagem tem uma aparência, voz, jeito de falar, de correr e de fazer cócega diferente dos outros personagens. Isto trará variação, dinamismo e suspense à atividade, tornando-a ainda mais divertida para sua criança.

Solicitação: Quando você já tiver corrido com diferentes fantasias algumas vezes e a criança estiver altamente motivada para mais corridas suas, você pode começar a solicitar. Vá para trás do papelão ou lençol para trocar de fantasia e, antes de sair para mostrar a nova fantasia, coloque seus olhos no buraco do “biombo” e peça para a criança olhar para os seus olhos através do buraco. Assim que ela olhar, pule para fora do biombo e corra atrás dela. A cada vez que você se esconder atrás do biombo para trocar de fantasia, solicite que a criança olhe nos seus olhos através do buraco antes de você aparecer.


Facilitadora e criança no Autism Treatment Center of America
3. Pescando as Sentenças
Meta: Estimular a utilização de sentenças mais longas.
Motivações / Interesses: Atividades físicas (ex: passear de cavalinho, balançar, rodar, pular na bola grande, etc.)

Preparação: Em letras bem grandes, escreva as sentenças que descrevem atividades que você acredita que sua criança terá interesse em participar. Por exemplo: “Eu quero passear de cavalo”, “Eu quero balançar devagar”, “Eu quero pular na estrada de buracos”, “Eu quero voar de avião”, “Faça passeio de elefante”, “Faça passeio de espirro”! Seja criativo em relação aos tipos de passeios, balanços e pulos que você pode oferecer para a criança. Escreva quantas sentenças você conseguir inventar para ações que você vai oferecer. Plastifique as sentenças para que elas possam ser reutilizadas. Depois corte as sentenças em 3 partes para criar “piscinas” de palavras / frases. A 1ª piscina irá conter os inícios das sentenças (ex: “Eu quero”, “Faça”, etc). A 2ª piscina terá as ações motivadoras (ex: “o passeio”, “balançar”, etc.). A 3ª piscina terá as palavras descritivas da ação (ex: “de cavalo”, “de avião”, “de espirro”, “devagar”, etc.). Cole um clipe de metal em cada pedaço de papel. Improvise uma vara de pescar com um pequeno imã no fim da linha. Coloque as 3 piscinas (caixas, bacias) de categorias de palavras no quarto de brincar / interagir. 

Início da Atividade: Quando sua criança oferecer um Sinal Verde, corra para a 2ª piscina (verbos, ações) e pesque você mesmo um pedaço de papel com uma palavra de ação. Leia a palavra para a criança e ofereça a ação correspondente (um passeio, balanço ou pulo).

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Agora pesque uma palavra da 2ª e uma da 3ª piscina, e leia a combinação para a criança (ex: “pulo de elefante”). Ofereça esta ação para a criança. Faça isto várias vezes até que sua criança esteja motivada o suficiente para vir ajudá-lo a pescar uma palavra de cada piscina.

Solicitação: Quando sua criança estiver bem motivada dentro da atividade, você pode pedir para que ela leia a sentença inteira ou para que repita depois de você. E você oferece a ação motivadora. Esta atividade pode evoluir para um momento em que a criança não precise mais das palavras por escrito para ajudá-la a elaborar uma sentença completa.


Facilitadora e criança no Autism Treatment Center of America
4. O Incrível Repórter 
Meta: Inspirar um maior interesse em outras pessoas.
Motivações /Interesses: Jogo imaginativo, troféus, prêmios, medalhas.

Preparação: Separe para o quarto todos os brinquedos e objetos que se encaixem em uma temática de expedições / safáris (ex: binóculos, telefone velho, chapéus, cordas, mochilas, comidas de plástico, figuras de animais, etc.). Faça um mapa do território que vocês irão explorar na expedição. Faça um “Caderninho de Notas do Repórter” com perguntas que você escreveu para a criança utilizar. Estas serão perguntas que a criança fará para você quando você estiver fingindo ser personagens diversos (ex: “O que você mais gosta da vida na savana africana?”)

Início da Atividade: Mostre o mapa para a criança de maneira muito animada e explique que um “jornal” local quer que vocês façam uma reportagem sobre animais exóticos, dinossauros, alienígenas, pessoas (o que quer que você acredite que seria mais interessante para a criança) que vivem naquele local do mapa. Inicie a atividade oferecendo à criança uma maneira simples e física de participar, por exemplo, segurar o mapa, dirigir o jipe, procurar girafas através dos binóculos, etc. Avise para a criança que quando ela voltar para a redação do jornal com a reportagem ela receberá uma medalha ou troféu do mais “Incrível Repórter”.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Enquanto vocês viajam pelo território que vocês criaram, utilize os seus 3E’s* para ajudar sua criança a ficar ainda mais motivada pela atividade. Finja ser um dos animais (ou alienígenas, etc.) e se apresente à criança. Agindo como o personagem, conte animadamente sobre você, respondendo a todas as perguntas que estão escritas no “Caderninho de Notas do Repórter” sem que a criança precise fazer as perguntas.

Solicitação: Quando a criança estiver altamente envolvida na atividade, comece a pedir para ela fazer o papel do repórter mais ativamente. Estimule a criança a perguntar para você as perguntas escritas no caderno enquanto você finge ser os vários personagens que vocês encontram pelo caminho. Depois de fazer isto com alguns personagens, diga para a criança que o repórter que provavelmente ganhará o prêmio de “Incrível Repórter” será aquele que inventar novas perguntas para fazer. Encoraje a criança a fazer perguntas que não estão escritas no caderno.

* 3E’s: Uma técnica fundamental do Programa Son-Rise. Os 3E’s são Energia, Entusiasmo e Empolgação.


Mariana Tolezani no quarto de brincar com uma criança com autismo
5. A Conversa com os Dados
Meta: Conversação com conteúdo social.
Motivação / Interesses: O assunto que sua criança goste de conversar (ex: carros, etc.).

Preparação: Faça dois dados gigantes  (caixas quadradas embaladas em papel). Um dado será o dado das “situações”, cada face terá uma situação diferente relacionada com a área de interesse de sua criança (ex: o carro quebrando, comprando um novo carro, etc.). No outro dado, escreva em cada face nomes de pessoas que sua criança conhece (ex: membros da família, voluntários do programa, o seu nome e o nome da criança).

Início da Atividade: Explique para a criança a atividade. Neste jogo, cada um tem a sua vez para jogar ambos os dados ao mesmo tempo. A combinação entre a situação e o nome da pessoa dita então o tópico da conversa. A idéia é conversar sobre como aquela pessoa específica agiria naquela determinada situação. Queremos encorajar conversas que tenham o foco em informações pessoais ao invés de informações factuais. Se você jogar os dados e obtiver a mesma combinação uma segunda vez, jogue o dado dos nomes novamente até que você tenha um nome diferente como tópico da conversa.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Você joga os dados primeiro e então descreve como você acha que aquela pessoa agiria naquela determinada situação. Descreva a situação de forma animada, divertida, e bem detalhada, como se estivesse pintando um quadro da cena. Procure adicionar na sua descrição vários interesses da criança. Por exemplo, se a criança gosta de humor tipo “pastelão”, inclua na história pessoas escorregando ou deixando coisas cair, etc. Estimule a criança a ter a vez dela. Auxilie a criança a contar a história o quanto você achar necessário, e celebre quaisquer idéias ela oferecer. Continue alternando a vez entre os jogadores.

Solicitação: Quando a criança entender bem o mecanismo do jogo e estiver altamente motivada, comece a introduzir desafios maiores. Ofereça menos auxílio, fique em silêncio e espere que a criança ofereça mais idéias espontaneamente. Se a criança oferecer uma descrição apenas factual do que poderia acontecer naquela situação, ou uma descrição geral não relacionada à pessoa em questão, celebre esta descrição e solicite que ela traga elementos mais específicos para aquela história tendo em mente como aquela pessoa em particular agiria naquele contexto. Se necessário, ofereça algumas dicas relativas à personalidade daquela pessoa específica (ex: “Você se lembra como o Beto gosta de conversar o tempo todo? O que você acha que ele faria se o carro dele quebrasse?”).


(Direitos autorais reservados ao The Option Institute and Fellowship, site www.autismtreatmentcenter.org)


Mariana Tolezani no quarto de brincar com uma criança com autismo
15 IDÉIAS DE ATIVIDADES PARA DESENVOLVER A LINGUAGEM
Os exemplos sugeridos abaixo para atividades interativas com o objetivo de desenvolver a comunicação verbal são apenas breves descrições das atividades. No Programa Son-Rise, os facilitadores procuram construir a interação e ajudar a pessoa com autismo a ficar altamente motivada por uma ação deste facilitador antes de solicitar algo dela. Por exemplo, o facilitador faz cócegas várias vezes na criança sem pedir nada para ela. Apenas quando a criança já está altamente motivada pelas cócegas e demonstra de alguma forma querer mais, o facilitador solicita algo que é um desafio para ela, como falar uma palavra isolada ou sentença, olhar nos olhos, fazer algum gesto ou performance física específica, etc.

No momento em que a pessoa está altamente motivada por uma ação do facilitador, ela tem a motivação como sua aliada para superar suas dificuldades e desenvolver habilidades. Ela supera suas dificuldades enquanto brinca! O prazer e a diversão na interação social levam a pessoa com autismo a querer interagir cada vez mais com outras pessoas e, conseqüentemente, aprender novas habilidades sociais. Investir na conexão amorosa e divertida com a pessoa com autismo beneficia o relacionamento e o aprendizado social. Divirta-se com as atividades!

1. Ofereça variações divertidas dentro de uma mesma motivação (interesse) para permitir a repetição de uma mesma palavra.
Por exemplo: Torne-se uma “Máquina de Apertar”. Modele a palavra “apertar” para a pessoa, pendure um papel com a palavra “apertar” na sua camiseta, ofereça várias formas de apertar a pessoa (massagem) e, quando ela estiver altamente motivada, peça para ela falar a palavra “apertar” para a “Máquina de Apertar” funcionar. Utilizando o mesmo princípio, você pode criar uma atividade onde você é a “Máquina de Comer” (que vai “comendo o pé ou mão” da pessoa) e a palavra que a pessoa fala é “comer”. Você também pode ser a “Caixa de Música”, e a pessoa fala a palavra “música” para você começar a tocar instrumentos ou cantar.


2. Pratique sons específicos da articulação de fala em uma canção.
Por exemplo: Se a pessoa gosta da canção “Seu Lobato Tinha um Sítio”, adapte os versos para incluir sons de fala que a pessoa tem dificuldade para articular. Você pode cantar “Era ‘t-t-t’ prá cá, era ‘t-t-t’ prá lá, ia ia iou” se a pessoa tiver dificuldade em pronunciar o “T”. Você canta e convida a pessoa para cantar com você.


3. Demonstre para a pessoa que quando ela diz a palavra inteira de forma clara ela consegue mais o que quer do que quando diz aproximações da palavra. 
Por exemplo: Se a pessoa tende a omitir as consoantes iniciais das palavras, prenda um papel com a letra “C” na sua mão direita e as letras “ócega” na sua mão esquerda. Se a pessoa disser “ócega”, faça cócegas nela com a mão esquerda. Quando ela disser a palavra toda, ofereça cócegas com suas duas mãos. Você pode criar o mesmo tipo de atividade com palavras como “massagem”, “carinho”, etc.


4. Seja o médico de língua! Concentre o foco nos movimentos da língua para auxiliar uma articulação de sons mais clara. 
Por exemplo: Providencie um conjunto de fantoches e bonecos de pelúcia que abrem a boca. Você poderia até colar línguas de papel ou tecido em cada boca. Cada boneco tem uma dificuldade específica no movimento da língua. Peça para a pessoa com autismo para ajudar você a examinar a boca de cada boneco com um daqueles palitos (ou com a própria mão). Prescreva vários movimentos de língua para cada boneco. Depois de examinar todos os bonecos, faça com que um dos bonecos examine a pessoa com autismo e prescreva para ela um exercício específico de língua. Se a pessoa quiser, ela pode examinar você também!


5. Combine várias das motivações da pessoa para que a atividade seja ainda mais atraente. 
Por exemplo: Faça um cartaz com a palavra “Música” e outro com a palavra “Correr” ou “Pegar”. Modele a brincadeira jogando uma almofada em um cartaz. Jogue na palavra “Música” e comece a tocar um instrumento ou cantar. Jogue na palavra “Pegar” e saia correndo em direção à pessoa para um “pega-pega”. Quando a pessoa estiver altamente motivada por “música” ou “pegar”, peça para ela dizer a palavra correspondente à ação que deseja.


6. A pessoa dá as instruções para você achá-la no quarto e ganha o prêmio de “Melhor Instrutor”. 
Por exemplo: Entre no quarto com um grande chapéu na cabeça e anuncie que a pessoa acaba de ganhar um prêmio muito especial. Quando você estiver prestes a entregar o prêmio para ela, faça com que o seu chapéu cubra os seus olhos e estimule a pessoa a ajudar você a chegar até ela sem conseguir enxergar. No início, ela pode utilizar comandos simples como “para frente” e “para trás”. Depois de um tempo, você pode se colocar atrás de obstáculos para encorajá-la a dizer “Passe por cima do banco”, ou “Pule sobre a almofada”.


7. Crie sentenças ao oferecer variações em cima de uma mesma motivação, demonstrando para a pessoa que ela consegue exatamente o que quer quando utiliza sentenças mais longas. 
Por exemplo: Crie um cartaz com a silhueta de um corpo. Nomeie cada parte do corpo com um cartão removível. Na parte de cima do cartaz, escreva “Colorir  ______”. Peça para a pessoa pegar o cartão que corresponde à parte do corpo que ela quer que seja colorida e que o coloque no espaço para completar a sentença. Quando ela estiver altamente motivada, estimule a pessoa a dizer a sentença completa. Se ela disser apenas “colorir”, responda colorindo algo fora do corpo. Se ela disser apenas “perna”, responda balançando a sua própria perna. A idéia é incentivar a pessoa a dizer “colorir perna” ou “colorir a perna” para você “entender” e colorir a perna no corpo do cartaz.


8. Escreva uma sentença em uma cartolina e a cole com fita crepe no chão. Peça para a pessoa pisar em cima e dizer cada palavra da sentença para ganhar a ação motivadora ainda mais rápido. 
Por exemplo: A sentença pode ser “Eu quero uma canção”. Quando a pessoa terminar de falar a sentença, imediatamente comece a cantar a canção favorita da pessoa. Quando você terminar aquela canção, peça para a pessoa falar a sentença de novo e, quando ela completar a sentença, cante uma outra canção.


9. Construa sentenças com blocos que caem no chão.
Por exemplo: Providencie blocos bem grandes (como tijolos de papel ou espuma, ou até caixas de sapato). Cole em cada bloco uma palavra da sentença “Eu quero que os blocos caiam”. Comece a construir uma torre com o bloco que tem a palavra “Eu” no chão. Continue a construir a torre e a sentença assim por diante. Quando a pessoa disser a sentença completa, faça com que a torre desabe de forma divertida.


10. Pegue palavras para combiná-las em uma sentença e então dramatizar a ação de cada sentença. 
Por exemplo: Monte um trilho de trem em volta do quarto e a cada estação ofereça para a pessoa um série de opções de cartões com uma palavra em cada um. Peça para a pessoa escolher uma das palavras e colocar o cartão como carga no trem. Quando o trem chegar ao fim da linha e tiver algumas palavras nele, ajude a pessoa a combinar as palavras e criar uma sentença para falar. Depois de criada a sentença, você dramatiza a cena correspondente. Por exemplo, a sentença é “O macaco pula na floresta” e você pula pelo quarto dançando e cantando como um macaco.


11. Invente uma canção sobre um tópico que é do interesse da pessoa e peça para ela completar com palavras ou sentenças de forma a estimular sua comunicação verbal espontânea.
Por exemplo: Invente uma canção sobre a Barbie viajando pelo mundo. Você pode utilizar a melodia de uma canção conhecida e modificar a letra. Quando a pessoa estiver altamente motivada, experimente deixar “espaços” em silêncio para ver se ela completa com alguma palavra espontânea.


12. Invente uma história engraçada e até sem sentido para estimular a fala espontânea. 
Por exemplo: Faça uma pilha de cartões com uma palavra em cada um, palavras relacionadas aos interesses da pessoa. Inclua cartões que contenham apenas um ponto de interrogação. Escreva então uma história com a pessoa em uma cartolina. Escreva meia sentença e faça uma pausa. Pegue um cartão e use a palavra para completar a sentença. Se você pegar um ponto de interrogação, você ou a pessoa podem inventar qualquer palavra para escrever naquele ponto da história. Quanto mais engraçada e sem sentido a história melhor!


13. Estimule sentenças mais completas e espontâneas encorajando a pessoa a inventar histórias engraçadas. 
Por exemplo: Faça duas pilhas de cartões. Uma pilha contém figuras de pessoas fazendo diferentes ações. A outra pilha contém figuras de diversos objetos. Comece pegando um cartão de cada pilha e crie uma sentença que associe uma palavra com a outra. Por exemplo, você pega um cartão de um homem cortando a grama e outro de uma escova de cabelo. Você poderia então dizer “O Beto esqueceu que ele tinha uma máquina de cortar grama e usou a escova de cabelo para cortar a grama do jardim”. Convide a pessoa para fazer uma sentença na vez dela.


14. A pessoa com autismo é o entrevistador de um programa de rádio! Encoraje a conversação através da dramatização de vários personagens.
Por exemplo: Traga um gravador para o quarto e represente os diversos personagens que serão entrevistados pela pessoa. Você pode representar o elenco de um filme ou livro favorito. Estimule a pessoa a entrevistá-lo por 3 minutos. Se ela mudar o assunto, pare de gravar e a estimule a voltar para o assunto da entrevista.


15. Jogue “Boliche de Conversa” para praticar a habilidade de alternar a vez de falar sobre um assunto. 
Por exemplo: No fundo de cada pino de boliche está escrito um tópico para conversa (ex: férias, o mar, seu melhor amigo, etc.). A cada vez que você derrubar os pinos, escolha um deles e fale sobre o respectivo tema por 1 minuto. Você pode utilizar um cronômetro durante a atividade.


(Direitos autorais reservados ao The Option Institute and Fellowship © 2004, site www.autismtreatmentcenter.org)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Alunos com autismo e suas criações inspiradas em Kandisnky


Vídeo publicado por Daniela Laidens.
A Escola Municipal de Educação Especial Maria Lucia Luzzardi agracede o apoio desta mãe mais do que especial em nossos corações.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Petição Pública

Petição Pública


O PROJETO DE LEI FEDERAL Nº 1631/11 que "Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista" está dependendo da morosidade burocrática para que seja aprovado.

Assino o pedido para que o projeto seja votado em "regime de urgência, urgentíssima" pelo CCJC, e então pelo Plenário da Câmara dos Deputados, e em seguida pelo Senado e que seja sancionado pela Presidência o mais rápido possível.

Atualmente os autistas, seus pais ou cuidadores/responsáveis estão desprotegidos e excluídos das leis que resguardam direitos aos deficientes.

Conforme o andamento especificado e acessado em 18/08/12 no site =(http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=509774), o referido Projeto de Lei está aguardando designação de Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) desde 12 de julho de 2012.

Para conhecimento do teor do PL 1631/11 descrevemos abaixo o texto final, com as modificações que sofreu na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)conforme retirado da Fan Page (https://www.facebook.com/pages/Projeto-de-Lei-n%C2%BA-163111/238971216151532), acessada em 18/08/2012 às 15h que descreve e faz saber:

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.

§1º. Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: (N.R)

I – deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II – padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.

§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:

I – a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;
II – a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;
III – a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes;
IV – a inclusão dos estudantes com transtorno do espectro autista nas classes comuns de ensino regular e a garantia de atendimento educacional especializado gratuito a esses educandos, quando apresentarem necessidades especiais e sempre que, em função de condições específicas, não for possível a sua inserção nas classes comuns de ensino regular, observado o disposto no Capítulo V (Da Educação Especial) do Título V da Lei n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional;
V – o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
VI – a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações;
VII – o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis;
VIII – o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.

Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:

I – a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II – a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III – o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV – o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.

Art. 4º A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência.

Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.

Art. 5º A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei n º 9.656, de 3 de junho de 1998.

Art. 6º O § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 98. .......................................................
......................................................................
§ 3º A concessão de horário especial de que trata o § 2º estende-se ao servidor que tenha sob sua responsabilidade e sob seus cuidados cônjuge, filho ou dependente com deficiência.
...........................................................” (NR)

Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar de maneira discriminatória a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punível com multa de três a vinte salários mínimos e, em caso de reincidência, perderá o cargo, por meio de processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa."

Parágrafo Único. Ficam ressalvados os casos em que, comprovadamente, e somente em função das especificidades do aluno, o serviço educacional fora da rede regular de ensino for mais benéfico ao aluno com transtorno do espectro autista.

Art. 8º. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 136-A:

Art. 136-A Aplicar qualquer forma de castigo corporal, ofensa psicológica, tratamento cruel ou degradante à criança ou adolescente com deficiência física, sensorial, intelectual, mental ou com transtorno do espectro autista como forma de correção, disciplina, educação ou a qualquer outro pretexto.
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.

§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de dois a quatro anos.

§ 2º Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos” (NR).

Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
............................................................................

Nós brasileiros conhecendo o conteúdo e a importância da aprovação deste Projeto de Lei, unidos pelos direitos à dignidade e cidadania das pessoas com autismo, pedimos que o supracitado seja votado e sancionado com urgência.

Os signatários

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Muito Obrigada!

MUITO OBRIGADA!

Aliança Navegação e Logística Ltda.


A E.M.E.E. Maria Lucia Luzzardi  recebeu a doação de seis computadores Dell da firma Aliança Navegação e Logística Ltda. (Hamburg Süd).



Arte Exposição apresenta trabalho de 12 jovens autistas


Arte

Exposição apresenta trabalho de 12 jovens autistas

Por: Fernanda Franco
As obras foram inspiradas no artista russo Vasili Kandinsky. Desde esta terça-feira (7), quem entra na Escola Viva, em Rio Grande, se depara com uma mostra composta por 12 quadros pintados por alunos do Centro de Convivência da Escola Municipal de Educação Especial Maria Lúcia Luzzardi. O trabalho dos jovens, que têm entre 16 e 34 anos, é resultado de um longo projeto desenvolvido durante os meses de março e julho. A exposição gratuita se estende até o dia 30 de agosto.

A abertura oficial do evento aconteceu na tarde de segunda entre a exibição de um vídeo e a mostra de artesanato de materiais recicláveis, também produzidos no centro. A exposição de pinturas, construída passo a passo, é um momento importante para os envolvidos. “É um processo longo para chegar até aqui. Este é o resultado de descobertas e desenvolvimento de aptidões”, diz a psicóloga Márcia Magalhães.


A arte
O trabalho envolvendo a arte é sinônimo de desenvolvimento corporal e simbolização para estes alunos. Um importante canal de expressão e autoestima.  Por isso, a escolha do artista não foi aleatória. De acordo com a professora de artes, Magali Olioni, Kandinsky foi escolhido por ter uma obra colorida e com formas simples. Uma linguagem interessante para os alunos. Por possuírem déficit de imaginação, a professora explica que estes jovens necessitam de um ponto de referência para poder desenvolver o processo de criação.

Escola
Márcia Magalhães afirma que o espectro do autismo apresenta diferentes níveis, desde crianças mais comprometidas com deficiência mental associada até os casos em que a manifestação de sintomas é mais leve e com inteligência preservada. Estas pessoas apresentam déficit em três áreas: desenvolvimento de imaginação, comunicação e relação social. Entrando na escola cada vez mais cedo - algumas com apenas dois anos - elas aprendem a simbolizar, trabalhar o comportamento, a socialização e a aprendizagem acadêmica. Para isso, diversas atividades são desenvolvidas na escola incluindo aulas de música, dança, artesanato e artes. 
Escola Viva recebe Mostra Cultural de Jovens Autistas 

Exposição é aberta à comunidade foto Segundo os versos de uma popular cantora brasileira, quem mantém o pensamento tão livre como o céu, pode expandir a imaginação pelos mais diferentes caminhos da expressão. Seja pelo desenho, pela pintura, pelo artesanato, enfim, pela arte de uma forma geral, as pessoas desenvolvem a capacidade criativa, sob os mais diferentes temas.


E foi nesse contexto que os 29 alunos que frequentam o Centro de Convivência, da Escola Municipal de Educação Especial Maria Lucia Luzzardi, desenvolveram, entre os meses de março e julho de 2012, diferentes peças baseadas na obra do artista plástico Vasili Kandinsky. O resultado desse trabalho está aberto à comunidade, na Mostra Cultural dos Jovens Autistas, inaugurada na tarde de terça-feira, 7, no Centro de Formação Escola Viva. "Assim como eles desenvolvem a dança, a música, a educação física, a arte também integra nosso cronograma de atividades. Essa oficina de pintura inclui um trabalho feito em conjunto com os professores de educação artística, que acompanham passo a passo o processo de percepção e elaboração dos desenhos. Com o acompanhamento das professoras, eles exercitam o próprio olhar sobre as manifestações artísticas, bem como outras possibilidades através da orientação desses educadores", disse Laci Piccioni Rosado, diretora da escola.



 De acordo com as professoras, o projeto de oficina de pintura e artesanato visa possibilitar, através da relação corpo, espaço, criação e expressão, a realização de um trabalho que busca a criação de uma identidade cultural e o resgate da autoestima, evidenciando que cada indivíduo é único e também parte de um todo integrado.
 Para Santiago Peçanha, estudante, participar do trabalho é muito satisfatório, já que reproduz, muitas vezes, o próprio dia a dia. "Quando estamos desenhando, é como se estivéssemos criando nossos próprios animais, que a gente cuida em casa. E cada um faz o seu, é muito bom", disse. A exposição de pintura estará aberta à comunidade até o próximo dia 30 de agosto.

 Por Anelize Kosinski anelize@jornalagora.com.br
Foto: Fabio Dutra

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Jogos da Sala de Computação

Os alunos estão descobrindo os jogos  do primeiro navegador desenvolvido especificamente para crianças com autismo. Foi desenvolvido pelo avô do menino autista, Zackary Villenueve. Além de eliminar conteúdos adultos, o navegador também tira funções inúteis do botão direito do mouse. Desta maneira, o programa evita a perda de sentimento de confiança gerado por atos improdutíveis, pela criança. O navegador também apresenta jogos e atividades para estes jovens que possuem dificuldade de interação, comunicação e interesses.
A garotada está gostando. Abaixo o link:

 http://zacbrowser.com/download_zac_browser/pc/

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Gratidão


Arraial da Amar

No dia 26 de junho a partir das 15 horas a Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Rio Grande (Amar), realizará o Arraial da Amar em parceria com a Escola Municipal de Educação Especial Maria Lucia Luzzardi - Educação de Autistas, na Sociedade Cultural Águia Branca (rua Marechal Deodoro esquina General Abreu).
Contamos com sua presença!!!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Erros comuns...

Erros comuns dos profissionais que trabalham com autismo

Por Alyson Barros


É impressionante a quantidade de mitos e de desastrosos tratamentos que criam para o tratamento de autismo. E quem pensa que isso é uma crítica aos tratamentos consagrados está enganado. É uma crítica aos terapeutas que trabalham com o autismo e esquecem de promover resultados. Estimo que quase metade dos pacientes autistas, que estejam em tratamento, irão terminar e sair do mesmo jeito que entraram sem progresso algum. Isso vale não só para psicologia, mas também para todas as terapias que acompanham os autistas e que muitas vezes compõem a sua rotina semanal, como fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicomotricistas, terapeutas ocupacionais, músicos terapeutas, arte terapeutas, etc.
Nestes quase sete anos, a que me dedico ao trabalho e a pesquisa com autismo, colecionei diversos casos onde a terapia não ajudou e outros casos onde piorou a situação do autista em questão. Sempre ouvimos casos de pacientes que após vários anos de terapia nenhum resultado foi alcançado.
Listo a seguir os oito principais erros dos profissionais que trabalham com autismo:

8º - Tornar a todo custo um autista em uma pessoa “normal”.
Tentar tornar um autista em uma pessoa dita “normal” é um grande erro. Confesso que já tentei fazer isso algumas vezes, porém só obtive resultados reais quando entendi a condição de quem estava acompanhando. Não adianta tentar manter padrões altos de cobrança ou de resultados isoladamente, é necessário manter a atenção nas capacidades de aprendizagem e nas limitações. Se para os pais entender e aceitar, que o filho é autista, é o primeiro grande passo para a mudança na relação com o mesmo, para o terapeuta entender e aceitar isso é o primeiro grande passo também. Fará parte, então, do tratamento passar uma sessão inteira para ensinar o paciente a se vestir, ou para aprender a falar expressando agrado ou ainda para ensinar o paciente a andar de um modo mais relaxado. Também farão parte do processo os embates com a teimosia e a persistência. Nestes momentos deve prevalecer a comunhão das habilidades sociais do paciente e do terapeuta. Mas caso o paciente tenha mais habilidades que o terapeuta talvez seja a hora do terapeuta aprender um pouquinho com seu paciente.

7º- Gula Livresca
Expressão dedicada aos terapeutas e pais que têm gula exagerada por conhecimentos. Até certo ponto isso é saudável, porém depois de certo ponto conhecimento demais sem a devida organização podem atrapalhar o tratamento. Em todas as áreas profissionais citadas acima encontramos diversas teorias e metodologias e algumas destas teorias são incongruentes com outras. Por isso mantenha foco na teoria, mas sempre com o foco no paciente. Em algumas supervisões que trabalhei vi terapeutas dizendo “encontrei uma ótima técnica que vou utilizar com meu paciente esta semana”. Na sessão de supervisão seguinte o terapeuta me dizia novamente “agora encontrei uma técnica que irá dar certo”. Uma terapia sem eixo de trabalho se resumirá em duas coisas: uma coleção de técnicas e um paciente sem mudanças reais.

6º- Terapias demais
Regra de ouro “se o paciente não está respondendo a terapia, a estratégia deve mudar”. A maioria dos terapeutas diz que é capaz de trabalhar com qualquer tipo de caso. É comum ver pais colocando seus filhos em “n” terapias ao longo da semana. Quase sempre é um martírio para a criança. Cria-se a rotina viciosa que desgasta tanto a criança como os pais. O recomendando é colocar nas terapias em que o paciente tenha um bom desenvolvimento e que este desenvolvimento seja coerente com sua necessidade funcional. Um exemplo que posso comentar foi de uma menina com autismo que adentrou em meu consultório em busca de um benefício de seu plano de saúde. Ainda guardo o papel com a letra do pai descrevendo todas as suas atividades: pela manhã estudava na escola, na segunda, quarta e sexta fazia natação, na segunda e quinta fazia psicoterapia, fazia aula de reforço na quarta quinta e sexta, duas sessões de musicoterapia na terça feira e, para finalizar, uma sessão de psicopedagogia.
Ao final da avaliação reduzimos drasticamente o excesso de terapias. Ela apresentou ótimos resultados após seis meses indo apenas a escola, que agora tinha o compromisso de educar pelos canais de aprendizagem mais efetivos da garota. Sugeri que cessassem os atendimentos que não traziam resultados nenhum e que podiam inclusive confundir a pouca atenção dela. Após quase 4 anos de natação ela mal entrava na água e a natação foi cortada. A psicoterapia que fazia consistia em falar durante toda a sessão, e como a menina simplesmente não falava algo susceptível de ser trabalhado cognitivamente com o refinamento que a abordagem necessitaria, cortamos a psicoterapia. A musicoterapia e as aulas de reforço não apresentaram adequadamente uma proposta de trabalho, exagerando na superficialidade de suas descrições. Aumentamos a psicopedagogia, com outra psicopedagoga, duas vezes por semana. Optamos por adicionar uma fonoaudióloga duas vezes por semana. O pai repetia com ela os exercícios da psicopedagoga e da fonoaudióloga. O resultado de seis meses foi notável. Os gastos ao final do mês caíram pela metade, a paciente estava falando de forma notavelmente articulada e estava finalmente acompanhando a sua turma na escola.
Às vezes precisamos apenas dos profissionais certos.

5º- Família de menos
Trabalhar com pacientes autistas exige um preparo físico e um esforço cognitivo grande algumas vezes. Porém, em algumas situações, é mais difícil trabalhar com os pais do paciente do que com o espectro autista em si. Seja pelo excesso de opiniões e direcionamentos ou, mais comumente, pela ausência completa dos pais no auxílio do tratamento. Costumo dizer que os pais são co-terapeutas sempre. Devem levar tarefas de casa e devem exercitar, nem que minimamente, o que é trabalhado clinicamente. O terapeuta deve, sempre que possível, conversar com os pais e comentar como anda o tratamento. Trabalho com o feedback das sessões no últimos dez minutos de terapia ou um encontro uma vez por mês só com os pais. Mas pode-se flexibilizar esta sugestão para um encontro a cada dois ou três meses, a partir disso é difícil falar em relação de terapeutas e pais, afinal esta aconteceria apenas indiretamente através do paciente.

4º- Falta de comunicação do terapeuta com o paciente e com a família e com outros terapeutas
Dando continuidade ao erro anterior é comum encontrarmos terapeutas que além de não explicarem seus respectivos trabalhos para os pais, não conversam entre si. É de importância máxima aumentar este canal de comunicação. Quando os profissionais, a família e a escola não falam e objetivam o mesmo arcabouço de desenvolvimento o trabalho de cada terapeuta fica atomizado e a probabilidade de sucesso é reduzida. Mesmo nas clínicas integradas onde o paciente anda pelos profissionais em salas vizinhas, sem a comunicação entre estes três entes (escola, terapeutas e família) os tratamentos ficam fragmentados. Deve-se defender o alinhamento destes três entes em favor do paciente.
Em várias situações marquei inter-consultas com os profissionais, em meu consultório, no consultório deles, na casa do paciente e na escola para discutirmos qual metodologias trabalhar. Uma boa pergunta para quebrar este “gelo” entre as profissões envolvidas é: no que meu trabalho pode apoiar a sua terapia?
A partir desta pergunta me vi, dentro de minhas sessões, trabalhando para reduzir a ecolalia de pacientes orientado pela fonoaudióloga dentro de minhas sessões. Enquanto ela trabalhava questões de reconhecimento de expressões emocionais durante os exercícios de seu método Padovan.

3º- Acreditar em teorias esdrúxulas
Foi-se a moda das “mães-geladeira”, mas ainda assim alguns mitos persistem. Não é incomum ainda receber pacientes advindos de outras terapias em que o terapeuta dizia: o flap é uma expressão de emoção, como ele é autista tem dificuldades de expressão emocional, por isso nunca proíba tais expressões.
Como resultado desta super distorção, pessimamente confabulada, teremos em nossa vista um paciente que bate os braços em modo “flap” em qualquer situação, mesmo com 20 anos de idade!
O flap não é uma expressão da emoção literalmente. Obviamente que costuma ocorrer dada a felicidade da situação, mas existem outras formas de expressar emoções. Alguns autistas tem dificuldades de expressarem emoções ou até de entenderem o significado emocional das situações sociais, porém os pacientes mais carinhosos que encontrei eram autistas. Não é uma regra absoluta de que todos os autistas não expressam emoções. E por último, quem foi que disse que não pode dizer não para uma criança autista? Que ela não pode ser contrariada? Só porque é autista? Não. Todo paciente deve ter os limites aceitáveis de interação social, isso irá interferir diretamente em seus canais de aprendizagem. Pior que as limitações de um paciente autista é um paciente autista sem limites.

2º- Respeitar demais o “tempo” de cada terapia
Às vezes uma terapia demora a dar resultado e o terapeuta diz “com o autismo é difícil prever quando os resultados ocorrerão”. Esta frase pode ser perfeitamente aceitável para o 1º mês de trabalho, mas imagine isso sendo dito depois de seis meses de acompanhamento. Esta frase de que se deve esperar o tempo da criança ou do adulto em tratamento não significa que um dia ela será capaz de proporcionar resultado algum, pois talvez o problema não esteja no paciente, e sim díade terapia/terapeuta escolhida.
Existem muitas terapias onde o paciente ingressa e após anos de muita teorização o único resultado obtido foi que as “janelas de aprendizagem” se fecharam. Recebi dezenas de pacientes que passaram por psicólogos e outras terapias e que não haviam aprendido absolutamente nada. Pais de adolescentes que diziam que a criança participava de várias terapias desde criança, mas que não havia aprendido nada até então pois seu filho era autista e isso era comum. Realmente, é comum quando não há compromisso do profissional com o caso e que, as vezes por má fé, se esconde no discurso de que a criança é incapaz de aprender ou que os avanços são enormes, mas que só poderão ser notados depois. Se você é profissional lembre-se do que a neurociência ensina: existem fases de excelência para o ensino de certas habilidades sócio-cognitivas, caso isso não ocorra nestas fases, será cada vez mais difícil ensinar tais competências depois. Até hoje não conheci nenhum caso de autismo impossível de ser trabalhado e que não pudesse ter resultado perceptíveis, mesmo que mínimos. Se o seu paciente não apresenta evoluções seja capaz de reorganizar sua proposta metodológica, de sugerir um novo arranjo de profissionais acompanhando ou de, até mesmo, abrir mão do caso em favor de um profissional mais habilitado.
Fiz isso e faria tantas vezes quantas fossem necessárias. O foco da terapia deve ser o paciente e não o terapeuta ou a família.

1º- Não ter critérios funcionais para o trabalho com o autismo
Certamente o principal problema encontrado para um desenvolvimento máximo do paciente em terapia é a relação que este estabelece com a metodologia adotada. A metodologia é a parte vital do sucesso da terapia. Porém é assustadora a quantidade de profissionais dedicados a trabalhar com o autismo que não sobrevivem adequadamente a duas questões:
O que você pretende trabalhar?
Que indícios de sucesso você espera obter?
Claro que questões como qual a duração do tratamento ou qual o nome da metodologia utilizada são importantes, mas na experiência profissional que tenho conheci dezenas de profissionais que trabalhavam com o ABA, sem o ABA, com o Padovan, sem o Padovan e com a Análise Funcional do Comportamento, sem a Análise em si. Digo isso em função de que poucos são os que realmente têm esta dedicação de trabalhar rigorosamente dentro dos limites da metodologia. Não levanto uma bandeira de ortodoxia extremista de uma abordagem em detrimento de outra, mas acredito que é muito fácil se perder sem alguns parâmetros norteadores.
Pergunte ao terapeuta o que ele pretende trabalhar, se ele disser “socialização”, vá mais adiante. Pergunte “o que em socialização especificamente”, ele pode responder “comunicação”, e se você for ainda mais adiante e perguntar “o que em comunicação” e ele responder “a autonomia das A.V.D.*” provavelmente você estará diante de um profissional que está tão perdido quanto os pais do paciente. Termos como “socialização”, “comunicação”, “A.V.D.” entre outros tantos não são específicos e podem significar qualquer coisa.
Independente do vocabulário utilizado nos consultórios é fácil distinguir o que são metas específicas e coerentes do que são metas gerais e pouco ancoradas na realidade. Metas como capacidade de memória de curto prazo, quantidade de vocábulos falados, presença de verbo na construção das frases, presença de afeto nos comportamentos direcionados a estranhos ou capacidade de responder pacientemente a provocações parecem ser itens muito mais assertivos que os descritos anteriormente.
Conheci o caso de uma renomada terapeuta ocupacional em minha cidade, que após um ano de trabalho intensivo obteve como único resultado fazer com que o paciente parasse de morder dedo indicador. E ela conseguiu isso, após anos de faculdade, especialização, experiência clínica e fama, através de uma prótese para o dedo! A criança em questão progredia a passos largos, mas fora da terapia, para que servia a terapia então? De que consistia o tratamento?
Os terapeutas devem ter um pouco de asperger nestas horas e devem ter uma obstinação por resultados. Estes objetivos que são acordados na relação terapêutica devem ser, em grande parte, o foco, e a partir deles podemos medir o sucesso da terapia, nem, que para isso abramos mão de nossos certificados e de nossa experiência. Aqui os fins justificam os meios (desde que éticos, obviamente).
Em 2007 acompanhei um caso de uma menina, de 11 anos, que, entre centenas de outras coisas, não conseguia ficar quieta e firmar a atenção em algum estímulo por mais de alguns segundos. A meta era aumentar o tempo de atenção da mesma para que a partir de então outras aprendizagens fossem possíveis. Para isso era necessário que ela parasse e fixasse o olhar em algum ponto específico. Foram quase duas sessões inteiras para apenas ensinar aquela pequena garotinha a parar e respirar adequadamente. Isso foi uma meta específica, pequena e mensurável. Ao final ela era capaz de sustentar a atenção por alguns poucos minutos. O suficiente para prosseguir com o programa de aprendizagem em seus mínimos detalhes.
Em 2006 acompanhei o caso de uma criança, de 11 anos, que não conseguia ler e escrever, mesmo estando em fase de alfabetização por pouco mais de três anos. Após uma avaliação ecológica do desempenho funcional da mesma percebi a limitada capacidade de leitura da mesma, por isso mal conseguia unir as letras que lia (apesar de saber o nome de todas com presteza). Por coincidência percebi seu interesse pelo meu computador. Isso foi suficiente para mudarmos de tática e buscarmos um amadurecimento de tal competência cognitiva via computador. Após quase seis meses de trabalho aumentamos a sua capacidade de armazenamento de sua “alça fonológica” de um ou dois elementos para mais de sete! A criança conseguiu ler e escrever somente a partir disso.

*Atividades da vida diária

Alyson Canindé Macêdo de Barros
CRP 17° 4578
alyson@psicologianova.com.br
www.psicologianova.com.br
Natal-RN

Apaixonadas pela Escola Maria Lucia Luzzardi

Apaixonadas pela  Escola Maria Lucia Luzzardi